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22 Apr 2021

Estudo científico: Atividade Física previne sintomas severos de COVID-19

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Estudo científico: Atividade Física previne sintomas severos de COVID-19

Um estudo científico, publicado este mês de abril, no British Journal of Sports Medicine, demonstra que a inatividade física está associada a um risco mais elevado de desenvolver sintomas severos de COVID-19.

Já sabíamos que a idade avançada e a presença de comorbilidades - como a diabetes, a obesidade, a doença cardiovascular, o cancro, doença renal crónica, transplante de orgãos, a doença pulmonar crónica e fumar - constituíam um risco acrescido de desenvolver sintomas mais severos da COVID-19, o que ainda não sabíamos era que a ausência de atividade física também contribui. Uma informação crucial à qual não podemos fechar os olhos ou virar costas.

Através do registo eletrónico de dados de saúde de utentes do sul dos EUA, um grupo de cientistas estudou o efeito da COVID-19 em 48.440 pessoas. Estas foram divididas em três grupos, de acordo com a quantidade de exercício que faziam nos dois anos anteriores ao primeiro período de confinamento (19 Março 2018 a 19 Março de 2020):

Pessoas que praticam exercício de acordo com as recomendações, ou seja, mais de 150 minutos de atividade física por semana; 

Pessoas que praticavam alguma atividade física, entre 11 e 149 minutos de exercício por semana;

Pessoas inativas, ou seja, que praticavam menos de 10 minutos de exercício por semana.

Partindo desta divisão - em três grupos - foi estudada a relação entre a prática da atividade física e a hospitalização, internamento numa Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) e a morte por COVID-19.

Os resultados demonstraram que as pessoas inativas tiveram uma probabilidade acrescida de hospitalização, internamento numa UCI e morte por COVID-19 em relação às pessoas que praticaram atividade física de acordo com as recomendações. Os dados mostraram ainda que essa probabilidade foi superior mesmo em relação àquelas que praticaram apenas alguma atividade física. De forma mais concreta, ser inativo constituiu um risco acrescido de hospitalização de quase duas vezes e meia, o dobro do risco de internamento numa UCI e mais do dobro da probabilidade de morrer em relação àqueles que praticam exercício físico de acordo com as recomendações.

Os autores sugerem fortemente a prática da atividade física para a prevenção da severidade dos sintomas da COVID-19. Esta medida deverá ser associada às medidas apresentadas para a prevenção da transmissão, como o distanciamento social, uso de máscara e desinfeção frequente das mãos. Os autores defendem que mesmo em pacientes já vacinados, a prática da atividade física deve manter-se como forma de prevenção dos sintomas mais severos de COVID-19 por novas estirpes. 

 

RESUMO

Quais são as descobertas?

  • Pacientes com COVID-19 que foram consistentemente inativos durante os 2 anos anteriores à pandemia tinham maior probabilidade de serem hospitalizados, admitidos na unidade de cuidados intensivos e morrer do que os pacientes que cumpriam consistentemente as recomendações de atividade física.
  • Além da idade avançada e histórico de transplante de órgãos, a inatividade física foi o fator de risco mais forte para desfechos COVID-19 graves.
  • Atender às diretrizes de Atividade Física foi associado a benefícios substanciais, mas mesmo aqueles que praticavam alguma atividade física tinham riscos menores de resultados COVID-19 graves, incluindo morte, do que aqueles que eram constantemente inativos.

 

Quais as implicações práticas destes resultados? 

  • O potencial da atividade física regular para reduzir a gravidade da doença COVID-19 deve ser promovido pela comunidade médica e instituições de saúde pública.
  • As recomendações de controlo da pandemia devem incluir a recomendação da prática da atividade física regular em todos os grupos populacionais.

 

Link para o estudo referido: https://bjsm.bmj.com/content/bjsports/early/2021/04/07/bjsports-2021-104080.full.pdf

Leia um artigo do New York Times a este respeito: https://www.nytimes.com/2021/04/14/well/move/exercise-covid-19-working-out.html?smid=fb-nytimes&smtyp=cur&fbclid=IwAR2UPLk1NquS1MPVnmX1Y-5H0zzrTqcmdtF1lSwYDS-L-rgo-TBUtRmhTmU 

A evidência científica tem vindo a confirmar cada vez mais os elevados benefícios da prática da atividade física regular. O sistema imunitário fica mais capaz de cumprir a sua missão. Aqueles que praticam atividade física de forma regular têm uma menor incidência, menor intensidade de sintomas e menor risco de morte causada por várias infeções virais. A prática regular da atividade física reduz a inflamação sistémica, que contribui para diversas doenças crónicas. O exercício beneficia a saúde cardiovascular, aumenta a capacidade pulmonar, força muscular e saúde mental, entre muitos outros.

 

De acordo com o estudo que tenho vindo a fazer, deixo a forte recomendação para que:

  • Pratique 150 minutos de atividade física moderada a intensa por semana;
  • Durma entre 7 e 9h por noite (de acordo com as suas necessidades individuais);
  • Mantenha uma dieta saudável;
  • Tenha momentos de pausa durante o dia;
  • Seja capaz de reconhecer e gerir as suas emoções de forma a reduzir a intensidade e duração das negativas e potenciar as positivas;
  • Seja otimista e mantenha esperança em relação ao futuro;
  • Mantenha um discurso gentil, sem julgamento, seja para com os outros seja para consigo mesmo, de preferência com uma comunicação positiva e apreciativa;
  • Mantenha um espírito resiliente, uma mentalidade de crescimento e se sinta realizado;
  • Mantenha relações saudáveis, com o seu companheiro/a, família e amigos;
  • Mantenha um espírito aberto para a novidade e que brinque todos os dias;
  • Cuide dos outros e do planeta;
  • Mantenha uma forte ligação aos outros e à natureza, com a sensação de pertença a algo maior e de propósito na vida;
  • Mantenha um bom equilíbrio na gestão do seu tempo, reservando espaço a cada dia para trabalhar, se relacionar, brincar, refletir, praticar atividade física, relaxar sem nada para fazer e dormir.

Marco Clemente

Fisioterapeuta e Osteopata

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