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23 Aug 2022

Fase geriátrica da vida: o risco de queda e do sedentarismo

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Fase geriátrica da vida: o risco de queda e do sedentarismo

A frase: “assim que nascemos, já estamos a morrer” é conhecida por muitos. Menos conhecida talvez seja a frase: “assim que paramos já estamos a envelhecer”. O envelhecimento é um processo que resulta no declínio geral das capacidades das pessoas. Quando associamos ao declínio físico natural comportamentos sedentários o risco de doenças cardiovasculares eleva-se, bem como o de doenças ligadas à saúde mental - muitas vezes resultantes do isolamento social -, e acentuam-se também o risco de quedas, entre outras.

Fomos feitos para relacionarmo-nos uns com os outros e com o mundo, usando o movimento. Ou seja, através de um conjunto de capacidades físicas do nosso corpo, integramo-nos e somos participantes ativos nas atividades do dia-a-dia.

Apesar de todo este conhecimento, a nossa população está cada vez mais sedentária, prevalecendo uma inatividade física e os gastos energéticos diários são muito abaixo dos recomendados pela Organização Mundial de Saúde. 

O envelhecimento é, então, um processo natural que carrega um conjunto de alterações do corpo - fraqueza muscular, alteração do equilíbrio, movimento lentificado, limitações articulares. Somando isto à inatividade física, surgem vários riscos que já foram mencionados. Ainda assim, neste texto, queremos dar ênfase ao risco de quedas.

Sabe-se que o risco de queda também pode estar associado ao medo de cair que alimenta ainda mais a inatividade física, ou seja: “Quanto menos me mexer, menor o será o meu risco de cair”. Isto torna-se, por vezes, num ciclo vicioso. Se não se quebrar este ciclo, o risco de queda aumenta, o medo de cair aumenta e o isolamento social e o sedentarismo aumentam também. Por isso, é importante introduzir alguns momentos de maior atividade física para aumentar a confiança e manter as capacidades físicas que ainda se mantém. 

Os momentos de maior atividade física podem, e devem, estar associados a tarefas do dia-a-dia, para que este objetivo seja, não só realista, como também acessível e prático. Por exemplo, ao acordar procure movimentar todas as articulações para “acordar” o corpo (dobrar/esticar cotovelos, ombros, joelhos, pés, etc.); antes de começar o dia, depois de estar vestido, levante-se e sente-se de uma cadeira, ou da cama, pelo menos 10 vezes; quando estiver a lavar os dentes pode fazer exercícios de levantar os calcanhar 10 vezes, por 2 repetições; ou quando estiver a lavar a loiça pode ficar sobre um pé durante 5 segundos e depois sobre outro; quando estamos a ver o telejornal pode pôr-se atrás de uma cadeira e levantar a perna para um lado e para fora, pelo menos 10 vezes em cada perna. 

Apesar de todos estes cuidados, por vezes, existe a necessidade de um acompanhamento mais próximo e mais personalizado por parte da fisioterapia, dado que existindo um risco de queda moderado a grave, deve aplicar-se um plano de intervenção que concorra para o objetivo de diminuir esse risco, não sendo, por vezes, possível diminuí-lo somente com os exercícios diários descritos anteriormente. 

Por último, é importante sublinhar que o risco de queda também pode ser minimizado fazendo algumas adaptações ao domicílio, como retirando tapetes, colocando um tapete antiderrapante na casa de banho, para quando se entra e sai do chuveiro, e ter uma pega amovível para dar apoio na entrada para o chuveiro.  

O envelhecimento é inevitável, todos sabemos. Porém, podemos desacelerar o processo de envelhecimento ao sermos ativos. Na verdade, podemos fazer muito pela nossa saúde e bem-estar. Podemos ser pessoas ativas na nossa vida e na dos outros.

 

Teresa Cruz

Fisioterapeuta

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