O envelhecimento da população é uma problemática muito discutida pela sociedade, constituindo-se uma preocupação: o número da população ativa tem vindo a diminuir e o aumento da longevidade tem disparado. Das várias medidas que poderemos considerar para nos adaptarmos a esta nova realidade, destaca-se o apoio e cuidado aos mais velhos. O número de idosos institucionalizados também tem aumentado e é nestas instituições que, muitas vezes, são prestados cuidados paliativos.
Cuidar, mais do que um ato, é uma atitude que Implica muito mais do que um momento de atenção ou zelo. Cuidar requer dedicação, preocupação, responsabilização e envolvimento afetivo com o outro.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os cuidados paliativos são “uma abordagem que promove a qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares, perante doenças que ameaçam a continuidade da vida, através da prevenção e alívio do sofrimento por meio da identificação precoce, avaliação e tratamento rigoroso da dor e de outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual”.
A perda da funcionalidade acompanha o processo da maioria das patologias terminais, aliada às profundas alterações físicas, emocionais, espirituais e psicológicas. Esta condição é sempre heterogénea, variando de acordo com a patologia, e a sua progressão, a idade, a terapêutica usada e a condição física, emocional, espiritual e social de cada paciente.
A Fisioterapia desempenha um papel relevante nos cuidados paliativos, atuando na melhoria dos sintomas e, portanto, na qualidade de vida. Entre as principais estratégias de intervenção o Fisioterapeuta trabalha ao nível da terapia para alívio da dor e dos sintomas psicofísicos. Dependendo dos contextos e quadros clínicos poderá atuar nas complicações osteomioarticulares; reabilitação de complicações linfáticas; redução da sensação de fadiga e aumento da tolerância ao esforço; aumento da função pulmonar e da higiene brônquica. No âmbito da terapia manual, através da realização de alongamentos; exercícios de mobilidade; posicionamentos; saída do leito; estímulo de carga e treino de marcha (quando possível), o fisioterapeuta visa reduzir a dor, auxiliar no condicionamento corporal, proporcionar relaxamento e prevenir algumas complicações. Um aspeto a ser sempre considerado na intervenção da Fisioterapia é o caráter preventivo: antecipar possíveis complicações, aconselhando os pacientes e familiares a fim de evitar complicações desnecessárias.
A Fisioterapia procura ajudar os doentes a conseguirem o seu máximo potencial, por muito incapacitados e diminuídos que tenham ficado. Tentamos acrescentar vida aos dias, não dias à vida. No entanto, “nunca devemos esquecer-nos que trabalhamos com meios imperfeitos, e que, onde a técnica não chegar, chegará sempre o amor” (Gregório Marañon). Não podemos mudar a realidade, mas podemos cuidar. Cuidar de quem ainda tem vida para viver.
Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
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A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
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In Fernando Pessoa – Ricardo Reis (heterónimo)
Sara Lourenço
Fisioterapeuta
