As doenças reumáticas, como a osteoartrite, artrite reumatoide, lúpus, espondiloartrites ou fibromialgia, são muitas vezes invisíveis, mas têm impacto físico, emocional e social profundo. Em Portugal, estas condições são uma preocupação crescente, com um peso significativo nos custos do sistema de saúde e na qualidade de vida das pessoas que vivem com elas.
Um estudo epidemiológico nacional mostrou que a osteoartrose afeta cerca de um quarto da população portuguesa, trazendo dor persistente, limitação funcional e dificuldades no dia a dia. Muitas destas pessoas recorrem ao Serviço Nacional de Saúde, refletindo os desafios que esta realidade representa para a organização dos cuidados de saúde e para a sustentabilidade do sistema público.
Perante este cenário, torna-se evidente a importância da fisioterapia em reumatologia. Trata-se de uma área que vai muito além do exercício: assenta numa avaliação rigorosa, na intervenção física direcionada, na educação do utente e na promoção da autogestão da doença.
O papel da fisioterapia como intervenção de primeira linha
As grandes orientações internacionais reconhecem a fisioterapia como intervenção de primeira linha no tratamento de doenças como a osteoartrite do joelho e da anca. Intervenções como programas de exercício terapêutico, fortalecimento muscular, hidroterapia, aplicação de técnicas manuais e uso de modalidades complementares, como a estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS), têm mostrado benefícios claros.
Entre os principais resultados encontram-se a redução da dor, o aumento da mobilidade, o fortalecimento muscular e a melhoria da função articular. Mas a fisioterapia não se limita a atuar nos sintomas. Tem também um papel essencial na prevenção de complicações, como deformidades, e no apoio emocional e social dos utentes.
Além dos ganhos clínicos, há também impacto económico positivo. Estudos demonstram que programas de fisioterapia reduzem a necessidade de cirurgias, consultas hospitalares e consumo de medicamentos analgésicos, o que contribui para um sistema de saúde mais sustentável.
Avaliação individualizada e abordagem centrada na pessoa
Cada pessoa com doença reumática (DR) é única. A intensidade da dor, o grau de limitação, o impacto emocional e o contexto social variam de utente para utente. Por isso, é fundamental que a intervenção seja personalizada e adaptada ao longo do tempo.
Na Physioclem, acreditamos que esta avaliação deve considerar todos os aspetos da vida da pessoa: físicos, emocionais e sociais. O objetivo não é apenas tratar uma articulação ou aliviar uma dor, mas apoiar cada utente a viver de forma mais ativa, autónoma e com qualidade de vida.
Recomendações práticas
Com base na evidência científica disponível, destacam-se algumas recomendações que podem fazer a diferença:
- Avaliação precoce e contínua: quanto mais cedo a intervenção começar, melhores são os resultados a longo prazo.
- Exercício supervisionado por fisioterapeutas: combina força, mobilidade e exercícios aeróbicos adaptados às capacidades de cada pessoa.
- Educação e autogestão: aprender estratégias simples para gerir a dor, adaptar tarefas e manter hábitos saudáveis.
- Abordagem integrada: trabalhar em conjunto com médicos, nutricionistas e psicólogos potencia os resultados.
- Flexibilidade de métodos: desde sessões presenciais até modalidades aquáticas ou digitais, o importante é manter consistência e adaptação às necessidades de cada utente.
As doenças reumáticas são uma realidade desafiante em Portugal, mas a fisioterapia baseada em evidência científica oferece soluções seguras, eficazes e humanas. O impacto vai além do alívio da dor: traduz-se em maior autonomia, inclusão social e qualidade de vida.
Na Physioclem, cuidamos com ciência, mas também com proximidade e dedicação. Porque cuidar do outro é devolver-lhe confiança, movimento e esperança para viver com mais bem-estar.
Referências bibliográficas
- Branco JC, Rodrigues AM, Gouveia N, Eusébio M, Ramiro S, Machado PM, et al. Prevalência de doenças reumáticas em Portugal: resultados do estudo EpiReumaPt. Acta Reumatol Port. 2016;41(1):16–21.
- Woolf AD, Pfleger B. Burden of major musculoskeletal conditions. Bull World Health Organ. 2003;81(9):646–56.
- Fernandes L, Hagen KB, Bijlsma JWJ, Andreassen O, Christensen P, Conaghan PG, et al. EULAR recommendations for the non-pharmacological core management of hip and knee osteoarthritis. Ann Rheum Dis. 2013;72(7):1125–35.
- Hurley MV, Walsh NE, Mitchell H, Nicholas J, Patel A. Long-term outcomes and costs of an integrated rehabilitation program for chronic knee pain: a pragmatic, cluster randomized, controlled trial. Arthritis Care Res. 2012;64(2):238–47.
- Hagen KB, Dagfinrud H, Moe RH, Østerås N, Kjeken I, Grotle M, Smedslund G. Exercise therapy for bone and muscle health: an overview of systematic reviews. BMC Med. 2012;10:167.
- Direção-Geral da Saúde. Programa Nacional para as Doenças Reumáticas. Lisboa: DGS; 2012.
- American College of Rheumatology. Guidelines for the management of osteoarthritis of the hip and knee. Arthritis Care Res. 2020;72(2):149–62.